Alguns apontamentos para uma pregação jovem.

Alguns apontamentos para uma pregação jovem.  

Se a linguagem não aproxima ela não atinge!   

Nenhum pregador quer ver as pessoas inquietas, dispersas ou dormindo em sua pregação. Por isso, precisamos entender que não basta apenas pregar, mas precisamos pregar bem.  Ainda mais quando se trata de juventude, precisamos fazer uma pregação que cativa, atrai e gera expectativa para todos os anseios do homem moderno, que vive a busca de emoções e novidades a todo momento para preencher seu coração.

Continuando a provocação sobre a linguagem na pregação jovem, coloco alguns elementos do curso “Como melhorar a pregação sagrada” do Pe. Antonio Rivero, L.C., professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae, de São Paulo.  

Segue alguns elementos importantes na pregação jovem:

1.           Seja convicto do poder da mensagem que irá pregar

A palavra de Deus é viva e eficaz.  Ela é o encontro definitivo entre Deus e o homem (São Tomás de Aquino).

A Palavra de Deus pregada não pode ser distante, ela tem que “tocar” a existência humana em todos os campos: pessoal, familiar, laboral, profissional, religioso...

Por isso, o pregador buscará aplicar essa Palavra de Deus e “fazê-la caminhar” pelos meandros da vida do ouvinte. O ouvinte durante a pregação deveria dizer: “Isso! É isso que eu preciso, encaixa perfeitamente o que fala esse pregador”. É assim que o ouvinte se deixará transformar por essa Palavra de Deus que o pregador soube “baixar” para a vida deles concretamente. E, com certeza, vamos ter essa pessoa em todas as nossas pregações porque nos entende e entende que a Palavra de Deus explicada é muito atual para a sua vida e não algo do passado ou de museu. 

2.           Compreenda o seu público, ou seja, aquelas pessoas a quem vamos pregar.

 Lembre-se: Se a linguagem não aproxima ela não atinge.  Precisamos conhecer a realidade das pessoas, suas qualidades, suas fraquezas, seus problemas e seu modo de ser. A Igreja chama isso de “inculturação”.

 Um espanhol e um brasileiro não são iguais; nem um francês e um americano, nem um alemão e um africano... É necessário falar com a linguagem das diversas culturas, fazer-nos tudo a todos para ganhá-los para Cristo, como São Paulo (cf. 1 Cor 9, 20-22). Não podemos ir à América Latina com categorias europeias. Simplesmente não nos entenderão! Ou pior ainda, nos recusarão! “Amanhã te escutaremos”, parafraseando Atos 17, 32.

Pense: Como pregar a mensagem aos jovens, sem conhecê-los em suas particularidades?

 

3.           Aprenda a adaptar a mensagem ao público ou ouvintes, não mudando o conteúdo (Jesus Cristo, Querigma) podemos mudar a forma (como iremos apresentá-Lo) na pregação.

Em geral, vale a regra: pregar a todo homem e ao homem todo!

 A todo homem: à criança, ao adulto, ao ancião, ao enfermo, ao que sofre, ao ignorante e ao simples, ao complicado e questionador... e ao homem todo: inteligência, sentimentos, afetos, coração, vontade...

Perceba os sinais dos tempos, leia jornal, esteja sempre informado do que está acontecendo no mundo, nossa pregação não pode ser desencarnada da vida, angelical. Não só o jovem, mas o homem moderno também está sedento por uma pregação profética que exorte e gere esperança.

Ex: Se você for pregar em uma faculdade, escola ou em um presídio, a sua pregação não pode ser a mesma do grupo de oração. Deve ser adaptada a realidade dos ouvintes, o mesmo vale para crianças, juvenis, jovens, adultos... para todos aqueles que escutam o primeiro anúncio.

4.           Seja criativo ao expor a ideia:

 Essa ideia tem que ser apresentada com alguma metáfora, imagem, novidade, um fato ou anedota... Só assim ficam mais facilmente gravadas na alma do ouvinte, pois aparecerá como novidade e originalidade. Nisso o saudoso Padre Léo, que Deus o tenha, era modelo.

Para ser um pregador de mensagens atraentes, cativantes, é necessário pagar um alto preço, meditando, estudando, orando muito, com profundidade na Palavra de Deus e observando muito a vida humana.

5.           Seja corajoso e destemido (2 Tm 1.7), Deus não nos deu um espírito de covardia.

Não devemos ser tímidos, nem ter medo de falar, nem falar com voz apagada ou monótona, ou em abstrato ou sem olhar para o auditório. Se fizermos isso o povo dorme!

Quando vou em uma escola (lugar mais desafiador para evangelizar), entro para definir, confiando totalmente na intervenção de Deus. Prego que existem duas maneiras de entrarmos em um campo de batalha espiritual: entregando nossa cabeça para Golias ou declarando a vitória, com a cabeça de Golias nas mãos.  Quando somos enviados temos uma unção, um revestimento de poder e autoridade para determinada situação. Muitos jovens pregadores fora de suas comodidades “Casa de Formação” se inibem e perdem a coragem e também a graça. 

6.           Seja expressivo:

Todo o nosso ser deve ser expressivo: voz, gestos, mãos, corpo, olhos, sentimentos, emoções, silêncio, questionamentos e perguntas diretas. Os jovens tendem a ignorar e ser indiferentes a pregações sem vida.

7.           Trabalhe a fantasia dos ouvintes

O jovem é movido por fantasias, sonhos e imaginações.

Coloque imagens, símbolos, conte histórias, relate seu testemunho de vida ou de Santos....

Ex: Destacar com frequência nas pregações aspectos e virtudes dos santos: os santos são nossos irmãos que já conseguiram o que nós estamos procurando: a santidade de vida. Eles nos dão exemplo e nos dizem quais aspectos são necessários praticar para agradar a Deus, crescer nas virtudes e alcançar a salvação eterna, que é a graça das graças. Quanto são edificantes as anedotas dos santos! Compre livros de santos e leia-os. E assim você vai colocar nas pregações exemplos maravilhosos e edificantes dos santos nos temas que estará tratando na pregação

8.           Prepare bem cada pregação, sem improvisar, deixando tudo para a última hora.

A pregação não é algo que fazemos a título pessoal. Não! Pregamos em nome da Igreja. É a Igreja que nesse momento explica a Palavra de Deus através do pregador sagrado. Portanto, devemos sim preparar a pregação a partir da oração pessoal, mas também lendo comentários dos Papas, de autores espirituais bem sólidos e provados, sobre esses textos litúrgicos ou sobre esse tema do qual pregaremos. Os melhores comentários que existem sobre os evangelhos são OS SANTOS PADRES. Temos que ler muito os Santos Padres. São sempre atuais. São um verdadeiro tesouro a ser descoberto ainda. É como subir em ombros de gigantes. Um exemplo disso é o Papa Bento XVI. É por isso que as suas pregações são tão profundas, embora simples.

 

9.           Não seja imaturo na mensagem e nem durante a mesma

O pregador jovem deve superar alguns obstáculos normais da juventude, a imaturidade, que é caracterizada por alguns elementos:  a falta de experiência, conteúdo e o palavreado vazio.  Tome cuidado para não infantilizar e nem menosprezar o público.  Cresça e busque desenvolver as falhas.

 

10.        Por mais elaborada que sejam seus métodos, nada substitui a graça.

Esteja ciente de que é Deus que converte as almas, não nós.

EVANGELII NUNTIANDI  DO PAPA PAULO VI 75.

Nunca será possível haver evangelização sem a ação do Espírito Santo. As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas, ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E, ainda, os mais bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor.

11.        Concluindo:

 Quem converte é Deus, mas Ele nos utiliza como canais, alto-falantes, aquedutos e ministros da sua Palavra para iluminar as mentes, aquecer os corações e mover as vontades para que amem a Deus e cumpram os seus mandamentos. Por isso, temos que estar bem preparados neste campo da pregação da Palavra. Todos os nossos estudos humanísticos, filosóficos, teológicos, pedagógicos… têm como termo final a nossa pregação, seja escrita (livros, artigos…), seja oral (homilias, retiros, congressos, palestras…) para a conversão das almas à luz dessa Palavra transmitida e explicada por nós. Estudamos para estarmos melhor preparados na hora da nossa pregação, não por desejo de vaidade, mas porque essa Palavra de Deus merece ser tratada e anunciada com dignidade, clareza e unção.

Estes foram alguns elementos para prepararmos uma boa pregação. Que Deus te abençoe e te use para que milhares de jovens voltem para a casa do Pai.  Paz e Pentecostes!