"IMAGENS" NA IGREJA, VENERAÇÃO OU IDOLATRIA?

"IMAGENS" NA IGREJA, VENERAÇÃO OU IDOLATRIA? 

 
Um protestante enviou a um católico o seguinte comentário:
“Gostaria que me dissessem onde é que na Bíblia está escrito que devemos adorar imagem. Pelo contrário, isso é abominação e sempre foi. Obrigado.”

Entrada da Basílica de São Paulo, Roma

Segue nessa meditação a resposta –

Bem, todos concordam que a melhor maneira de demonstrar que a proibição bíblica às imagens não se refere e nem se aplica às imagens cristãs-católicas, é também a mais fácil: consultar a própria Bíblia. Pois é lá que encontramos a origem do uso de imagens no culto cristão. - Não para adoração, evidente, mas como objeto de veneração. - As escrituras não só defendem o uso das imagens, como também o ordena! Não? Vejamos...

Os "pastores evangélicos" que atacam o catolicismo enfatizando o trechos da Bíblia que proíbem as imagens de ídolos, como o do livro do Êxodo (20, 4-5), sempre ignoram completamente os fatos narrados a seguir, no mesmo livro, quando o próprio Deus ordena, em detalhes, a confecção da Arca da Aliança, o objeto sagrado por meio do qual o SENHOR se manifestaria ao povo:

"Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.(...). Os querubins estenderão as suas asas por cima do propiciatório, cobrindo-o com as asas, tendo as faces voltadas um para o outro. E porás o propiciatório em cima da Arca (...). E ali virei a ti; e de cima do propiciatório,do meio dos querubins falarei contigoa respeito de todas as ordens aos filhos de Israel." (Êxodo 25,19-22)

E um pouco mais adiante diz:

"Então Moisés chamou Bezaleel e Aoliabe, e a todo homem hábil em cujo coração Deus tinha posto sabedoria, todo aquele cujo coração o moveu a se chegar à obra para fazê-la; e fizeram dois querubins de ouro; de ouro batido nas duas extremidades do propiciatório..." (Êxodo 36,2; 37,7-9)

Ora, bastaria à leitura desses dois trechos para se derrubar completamente a teoria de que Deus condena o uso de qualquer tipo de imagem no culto: se Deus mesmo ordena que façam imagens de anjos sobre a sua Arca, para do meio delas se manifestar, como poderia Ele condená-las? Se cremos na Bíblia, não podemos observar uma parte e ignorar as outras, mas sim analisá-la por inteiro, com discernimento e bom senso, e tudo dentro do seu devido contexto. É claro que as imagens condenadas são as imagens dos falsos deuses, e não toda e qualquer imagem, ao contrário; a Bíblia, já no Antigo Testamento,defende o uso das imagens no culto; e não só no livro do Êxodo. Há muitas afirmações em diversos outros livros. Outro exemplo:

"O povo veio a Moisés e disse: ‘Pecamos, pois temos falado contra o Senhor e contra ti. Pede por nós ao Senhor’. Moisés, pois, orou pelo povo.Então disse o Senhor a Moisés: ‘Faze uma serpente de bronze, e põe-na sobre uma haste; e todo que olhar para ela viverá’.” (Números 21,7-9)

Mais uma vez, é Deus mesmo que ordena que se faça uma imagem, e para uso cultual. Através desta imagem, Deus opera a cura no povo! Alguém que estude a Bíblia seriamente poderia dizer que ela condena o uso de toda e qualquer imagem?

Mas a que parte das Escrituras deveríamos recorrer, especificamente, para descobrir se nos tempos bíblicos havia imagens no culto a Deus? Não seria ótimo se as Escrituras nos dissessem como era o interior do Templo de Deus, construído segundo a Vontade do Senhor? Pois ela o descreve, e com todos os detalhes! A questão toda fica muito simples de entender. Vejamos o que diz a Palavra de Deus (atenção às partes destacadas em vermelho):

"No ano 480 depois da saída dos filhos de Israel do Egito, Salomão, no 4° ano do seu reinado, empreendeu a construção do Templo do Senhor. (...)Fez no Santuário dois querubins de madeira de oliveira, com 10 côvados de altura. (...) Revestiu de ouro os querubins. Mandou esculpir em relevo, em todas as paredes da casa ao redor, no santuário como no Templo, querubins, palmas e flores abertas. Nos dois batentes de oliveira mandou esculpir querubins, palmas e flores desabrochadas, e cobriu-as de ouro."

"Para a porta do Templo fez vigas de oliveira, bem como batentes de cipreste. E Mandou esculpir neles querubins, palmas e flores desabrochadas, e os cobriu de ouro, ajustados às esculturas. (...) "Assim fez as colunas; e havia duas fileiras de romãs em redor sobre uma rede, para cobrir os capitéis que estavam sobre o alto das colunas. (...) Nos capitéis sobre o alto das colunas, no pórtico,figuravam lírios: eram de quatro côvados. Sobre as colunas, em cima do bojo, junto à rede, havia duzentas romãs, em fileiras, sobre um e outro capitel. Fez também o mar de fundição redondo (...)."

"Por baixo da borda em redor havia botões que o cingiam, dez em cada côvado (...). E firmava-se sobre doze bois, três dos quais olhavam o norte, três o ocidente, três o sul e três o oriente (...). Sua espessura era três polegadas, e a borda era em forma de lírio. Fez também duas bases de bronze: eram formadas de painéis e enquadradas de molduras. Nos painéis enquadrados haviam leões, bois e querubins, assim como nas travessas igualmente. Por cima e por baixo dos leões e dos bois pendiam grinaldas. (...) Nas placas dos esteios e painéis, assim como no espaço livre entre elas, esculpiu querubins, leões, palmas e grinaldas circulares. Deste modo fez as dez bases: todas com a mesma fundição, a mesma medida e os mesmos entalhes. (...) Todos estes objetos que Hirão fez para o rei Salomão, para a casa do Senhor, eram de bronze polido." (I Reis 7,13-51)

Querubins, anjos, flores, romãs, frutas, lírios, palmas, e até bois e leões! Havia muito mais imagens no Templo de Jerusalém do que em qualquer igreja católica de hoje! E a Bíblia diz que o Templo foi construído segundo a Vontade de Deus:

"Salomão edificará a minha casa e os meus átrios, porque o escolhi para ser meu filho, e eu lhe serei Pai." (I Crônicas 28,6)

Em I e II Crônicas há mais menções ao uso de imagens no culto a Deus, em I Crônicas 28,16-19 e II Crônicas 3,5-7/10-14, novamente citando querubins revestidos de ouro. Outra descrição é feita pelo profeta Ezequiel, um dos que mais condenou a idolatria no seu tempo. Ele menciona a presença das imagens como coisa perfeitamente normal:

"Em todas as paredes em redor, por dentro e por fora, tudo por medida: havia querubins e palmeiras de entalhe; e havia uma palmeira entre querubim e querubim; e cada querubim tinha duas faces: uma face de homem olhava para a palmeira de um lado, e uma face de leão novo para a palmeira do outro lado; assim era pela casa toda em redor. Desde o chão até acima da entrada estavam entalhados querubins e palmeiras, como também pela parede do Templo. As ombreiras das portas do templo eram quadradas; diante do Santuário havia coisa semelhante." (Ezequiel 41,17-21)

Interessante notar a descrição de um tipo diferente de querubim, com duas faces, uma de homem e outra de leão. O que diria um de nossos irmãos evangélicos entrando no Santuário de Deus, diante de tantas imagens entalhadas, bordadas, fundidas e esculpidas? “Idolatria”? Se o fizesse, estaria chamando o próprio Deus de idólatra!

Acima de toda e qualquer teoria ou especulação humana, vemos que idolatria é uma coisa completamente diferente do uso que a Igreja Católica faz das imagens: nós honramos nossos símbolos do Sagrado. Os querubins eram símbolos sagrados. A serpente de bronze era um símbolo do Sagrado, até começar a ser adorada: aí teve que ser destruída. Aí vemos claramente que o problema não está na imagem em si, e sim no uso que se faz dela. Assim com os leões e bois do Templo, que também eram símbolos do sagrado. "Idolatrar" seria adorar uma estátua como se fosse um deus. Nós, católicos, não somos tão ignorantes, para confundir Deus com uma estátua.

E para encerrar a nossa consulta bíblica, sugerimos Hebreus 9,5-8: nessa passagem, o Apóstolo Paulo menciona os querubins de ouro e o cajado de Arão, guardado no interior da Arca da Aliança. Este trecho derruba de uma só vez duas alegações usadas contra os católicos: mostra que o uso das imagens no culto religioso, assim como o antigo costume de se preservar relíquias nas igrejas (objetos dos santos, preservados em sua memória), nunca foram sinônimos de “idolatria”. Essa tradição também já vêm desde os tempos de Moisés. Novamente, é a própria Bíblia que nos justifica.