O Matrimônio sob o regime do pecado

O Matrimônio sob o regime do pecado

A doutrina cristã católica trata da experiência do mal que cada um de nós e toda a humanidade vivencia: somos como que quebrados em nossas almas, incoerentes, muitas vezes egoístas. Tal situação atinge todos os aspectos da existência humana, e também a relação afetiva entre o homem e a mulher. 

Mesmo algo tão bonito como o amor verdadeiro de um casal não é sempre um "mar de rosas". Também esse amor é ameaçado pela discórdia, pelo espírito de domínio, pelo ciúme, pela infidelidade e por tantos conflitos que, acumulados, podem fazer com que, num desfecho extremo e trágico, esse sentimento sublime chegue a tornar-se ódio.

O amor não é algo que "cai do Céu"... É um sonho, um desejo do coração, porém é constantemente ameaçado pela nossa desordem interior, e mais ainda pela desordem do mundo que nos cerca. 

De onde vem tais desordens?

 A fé nos diz que vem da situação de pecado na qual a humanidade toda se encontra. Esta situação de pecado, – que teologicamente chamamos Pecado Original, – provém do início da humanidade: o homem decidiu viver sua vida do seu jeito, quis ser seu próprio deus e, assim, desarrumou-se completamente: consigo mesmo, com Deus, com a natureza, com os outros... E a relação homem-mulher também foi gravemente prejudicada.

A Sagrada Escritura está repleta de histórias que nos mostram como o amor humano muitas vezes degenera em egoísmo, o afeto em ciúme, a atração sexual em pura relação de domínio e desfrutamento carnal e egoísta. Mas, apesar de toda desordem, o plano de Deus para o amor humano continua vivo, belo, alto, nobre! Com a Graça que nos vem por Jesus Cristo, o homem e a mulher podem se superar e viver um amor realmente digno desse nome. É necessário, porém, investir nele, construí-lo, sabendo renunciar, dialogar, perdoar, aprender a ser feliz na felicidade do outro. O amor se aprende, o amor se constrói. Quem não está disposto a se construir e se formar no dia a dia não deveria se casar, porque não saberá amar de verdade, e o Sacramento do Matrimônio necessita de amor.

Amar é saber ser verdadeiramente feliz pelo bem do outro, é saber sair de si para ir ao encontro do outro, com seus sonhos, projetos e jeito de ser. O amor real, de carne e osso, não se dá entre dois seres perfeitos e totalmente integrados; mas entre duas pessoas com virtudes, defeitos e feridas deixadas pela vida. Pessoas "em construção", pessoas que precisam ser perdoadas, acolhidas, amadas, aceitas. Nesse sentido, o Matrimônio é um belíssimo meio para sair de si, para abrir-se para o outro, para aprender a partilhar. 

O Matrimônio é caminho de superação, humanização e amadurecimento. É como um santo simulacro da relação ser humano - Deus.

Fontes e referência bibliográfica:

Fontes e referência bibliográfica:

 

• COSTA, Henrique Soares da, Bispo. "O Sacramento do Matrimônio", disponível em:

https://domhenrique.com.br/index.php/sacramentos/matrimonio/202-o-sacramento-do-matrimonio-i

acesso 21/2/014

 

• TABORDA, Francisco. Matrimônio Aliança - Reino, 2ª ed. São Paulo: Loyola, 2001.

 

• MOSER, Hilário. O Sacramento do Matrimônio: Guia Prático em Perguntas e Respostas. Tubarão: Diocesana de Tubarão, 1999.